domingo, 7 de agosto de 2011

Saudade

Ao cair da tarde, senti a saudade me abraçar.
Ela anda sempre comigo, lado a lado. Faz companhia não importa onde eu esteja. Nem com quem. Ela simplesmente fica ao meu lado. Ora ou outra, se afasta para algum passeio relâmpago e, quando menos espero, logo sinto a saudade ao meu lado, como se sentisse saudade de mim. Exatamente nessa hora ela me abraça.
Um abraço forte, apertado. No começo doía. Mas hoje, mesmo quando ela aperta bastante, não acho ruim. Sinto falta da saudade e do que ela me traz.

Hoje a saudade me contou uma boa história. Pediu para que eu fechasse os olhos. E assim que os fechei, vi os dela. Os olhos mais lindos que já encarei de perto. Alegres, brincalhões e infantis. Impossível não sorrir com o sorriso que existe nesse olhar. Meu estômago gela apenas com a memória.
O céu estava lindo, e de longe ouvi o mar. O pôr-do-sol estava encantador – tanto pela beleza da natureza, quando a que estava ao meu lado.
Não precisávamos ouvir a voz uma da outra – nossa mente estava em completa sintonia. Entediamos-nos na energia que transmitíamos. Os sorrisos, olhares, carinhos. Até a respiração estava sincronizada. O vento batia em seus cabelos, trazendo seu perfume diretamente à minha narina. E imediatamente, inalava-o. Perder uma parte sequer dela era – é – um desperdício.
Ao cair da noite, a temperatura manteve-se estável. Nós também. Não passaram muito mais de meia hora até que a noite tornou-se quase breu. O céu se entendia num manto preto, cheio de pequenas luzes. Estávamos deitadas na areia, agora. Admirando as estrelas.
- Sabe... – comecei – Às vezes queria saber o tamanho do infinito.
- É só imaginar algo que não tem fim. – tive como resposta, depois de um breve espaço de tempo.
- Mas tudo tem um fim. – respondi quase que automaticamente.
- Nem tudo.

O diálogo acabou aí. E nesse momento, eu apertei a mão dela ainda mais forte. Ficamos mais algum tempo deitadas, admirando a beleza do céu, e por ora admirava também a beleza dela.
Ela se levantou, e eu a imitei. Dei o primeiro passo em direção à calçada, quando então fui puxada para próximo ao corpo dela e fui fortemente abraçada.
- Sabe o que é infinito? – ela sussurrou em meu ouvido, enquanto me envolvia em seus braços.
- O meu amor. – sussurrei de volta.
- O nosso amor. – completou.

Senti meu corpo inteiro arrepiar. Abri lentamente os olhos e um sorriso bobo estava estampado em meu rosto. A saudade sentou-se ao meu lado, e sorriu comigo. Murmurou algo mentalmente, e então fui obrigada a concordar.
- Também sinto saudade dos meus sonhos.

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